18.6.07

...um mundo em transe - Ken Park

A realidade exposta para incomodar, a polêmica para acentuar sentimentos e ocasiões. Esta produção de Larry Clark (Kids) é o retrato fiel da juventude em transe calada! A pornografia explicita se perde no meio de tanta realidade, tornando-se aceitável e necessária. A conclusão é precisa, todos somos Ken Park, sentimos Ken Park e tememos Ken Park!

“ A rotina de quatro adolescentes da cidade de Visalia, Califórnia. Shawn (James Bullard) é um skatista que transa com a namorada e com a mãe de sua namorada. Tate (James Ransone) gosta de se masturbar várias vezes seguidas e tem um cachorro de três pernas. Ele é criado pelos avós, que não respeitam a sua privacidade, o deixando furioso. Claude (Stephen Jasso) é agredido seguidamente pelo seu violento pai, um alcoólatra que o acusa de homossexualismo, e é consolado pela sua apática mãe grávida. Peaches (Tiffany Limos) anseia por liberdade, mas tem de cuidar de seu religioso pai, um cristão fundamentalista, que a espanca após vê-la transando. Embora conversem o tempo todo, cada um dos personagens não sabe dos problemas enfrentados pelos outros.”

Filmes adolescentes são sempre chamativos, mas a mesmice é um fato marcante nesta temática. Em Ken Park a mesmice sai de cena e a sensação de ausência de clichês é inevitável. O problema, sim houve problema, suficiente para mover péssimas críticas, enfim, o erro é que a ótima trama nunca se sobressai a ponto de engrandecer a essência do filme. É algo como um retrato cheio de detalhes, cores, vidas, expressões, porém, sem legenda! É isto que vemos em Ken Park, um filme que não consegue “pegar no tranco” apesar de expor situações e personagens interessantes. O motivo de não vermos clichês no filme talvez seja devido a ausência de um aprofundamento no drama do enredo, é algo contraditório mas lógico!
Ken Park em contrapartida, com seu ar de filme cult, consegue ressaltar que os problemas adolescentes não giram apenas em torno de rebeldia sem causa. Os sentimentos e confusões que os jovens sempre encaram é um mundo estranho, onde a sua lógica se distancia a cada vez que eles são ignorados e discriminados. A família é a base e vitima do poço insano que é a mente de um jovem. Em Ken Park o extremo é fatal, a cena do suicídio e do assassinato em dose dupla (sem detalhes para não viram spoiler) é algo arrepiante, mais ainda quando tentamos aproximar da realidade e descobrimos que não é nada distante.
A pornografia se torna comum quando o assunto é o diretor Larry Clark, portanto não iremos julgar a identidade do cineasta, quem não quer ver seios, pênis e vaginas aqui ou ali na tela, então não vejam o filme! Alias, nada mais profissional e lógico do que usar o sexo para discutir o sexo. Inúmeros aplausos ao Clark por NÃO ter assimilado o conceito de pornografia, nudez e sexo somente a mulher. Raramente isto acontece, é comum vermos no cinema a mulher como objeto explícito de nudez. Qual foi a ultima vez que você viu uma cena de nu frontal masculino em um filme? E uma cena de nu feminino? Notou a diferença ridícula!
Ken Park esteve perto de ser um filme único ao tema. A cena final do filme é uma pérola, a utopia de um mundo onde as pessoas apenas fazem sexo e nada mais, onde não há governo, dinheiro e poder, evidencia a necessidade de fulga da realidade cobiçada pelos jovens. Jovens em transe encontrando no sexo e nas drogas os únicos refúgios, conflitos entre pai e filho, a religião associada a pureza e oposta aos prazeres sexuais, depressão desconhecida gerando agressividade imprevisível ao lado de uma família vitimada por não saber como agir ou não agir. Resultado interessante, apesar do velho e bom “tranco” não ter acontecido.

15 comentários:

Wanderley Teixeira disse...

Amigo,
vim aqui só para dar este aviso.Ainda naum li seu post mas assim q der tempo comento...Agora tem uma comunidade elaborada por mim,pelo Túlio Moreira e pelo João Paulo para os cinéfilos que tem blogs na rede,desde já está convidado:
http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=34327998
Abraço.

Unknown disse...

Admiro a intenção do Clark, mas não gostei do filme. Ele parece se interessar mais em chocar sua audiência que de fato se aprofundar na história e nos personagens.
Abraço!

Anônimo disse...

Esse é um dos típicos filmes que, ou se ama ou se odeia (acho que quase todos os filmes do Clark é assim,né?) é um filme com imagens muito cruas (vide as cenas de sexo ou a do tiro de Ken), mas tá valendo.É um filme que vale a pena ser visto (e discutido).Vlw pelo comentário e concordo com suas observações, principalmente sobre o que vc diz sobre pornografia.

Anônimo disse...

Mesmo achando q vale a pena ser visto, não gostei não. Admiro o que Larry Clark está tentando fazer, mas acho q ele ainda tem q aprimorar o estilo. Abraços!

Dr Johnny Strangelove disse...

Eu vi esse filme e fiquei com a sensação estranha, ele não é ruim, mas também não posso chamar de obra prima, apenas é um filme que funciona para quem gosta e muito do diretor ... e mais nada

abraços

Anônimo disse...

A é....ja me interessei pelo filme, vc Will tem sempre bom gosto.

Beijos

Anônimo disse...

Ainda não vi ele pois não tomei coragem, mas agora vou ver.

Ronald Perrone disse...

Belo texto, Will. Gostei bastante quando vi esse filme. Boa direção, fotografia e atores desconhecidos que trabalham muito bem. Nunca vai entrar numa lista de filmes preferidos, lógico, mas não deixa de ser interessante.

Unknown disse...

É exatamente o tipo de filme que guardo na prateleira da minha sala. Conheço o trabalho do diretor e sei que ele transpões a verdade nua e crua.

Anônimo disse...

Puxa, esse é um dos filmes que quero ver já há muito tempo, mas nunca encontrei em locadora alguma. Dizem que "Ken Park" tem muitos defeitos mesmo, mas sempre é interessante ver um filme do Larry Clark. Belo texto!

Abraço!

Unknown disse...

"Ken Park", simplesmente amei esse filme... é uma obra obrigatória e inesquecível... tudo transcende! amei muito a sua crítica, sempre bem escrita e bem pontuada de colocações e observações corretAs e verdadeiras... te adoro muito e seus argumentos igualmente... bjusss abçosss

Anônimo disse...

Oi, achei teu blog pelo google tá bem interessante gostei desse post. Quando der dá uma passada pelo meu blog, é sobre camisetas personalizadas, mostra passo a passo como criar uma camiseta personalizada bem maneira. Até mais

Alex Gonçalves disse...

William, adorei a sua visão sobre o mundo de “Ken Park”, mas achei a fita lastimável, um horror!
A adolescência é marcada sim por desprezos dos menores com os próprios pais, a descoberta do sexo e todas as outras etapas e experiências que a idade fornece, mas Larry Clark entrega um panorama tão absurdo que é difícil considerar a obra relevante para ser discutida sobre todos os temas abordados. E não isto pelas fartas cenas de sexo explícito, mas pela falta de coerência de todas as situações.

Anônimo disse...

Esse eu ainda n vi e a depender das críticas q eu li, n agradou muito n. Mas um dia eu ainda vejo ele. Abraço!

Nathy Almeida disse...

Um dos filmes mais ESTRANHOS que já vi, não entendi muito o que ele quis passar, mas é interessante a seu modo...