13.4.08

...sua droga é meu retrato - O Passado

“Rímini (Gael García Bernal) é um jovem tradutor que termina o casamento de 12 anos com Sofia (Analía Couceyro), sua primeira namorada. O filme acompanha o relacionamento do protagonista não somente com a ex-mulher, mas também com a modelo Vera (Moro Anghileri) e Carmem (Ana Celentano).”

Uma co-produção Brasil/Argentina daria um resultado no mínimo familiar, assim como qualquer co-produção latina. Em O Passado, Hector Babenco se desprende da áurea social e política e faz um filme de leito puramente sentimental. E familiar por reproduzir uma das inúmeras faces que o fim de um casamento e a separação podem assumir, com prestígio narrativo extremamente humano. Talvez por isto fica fácil compreender a matéria “entusiasmada” que o Fantástico fez na estréia do filme no Brasil. Ao conferir a película percebe-se o fiasco da matéria ao divulgar o filme de forma tão “brasileira” e simplista de novela das sete, que acabou por se resumir no interesse de entrevistar (aquela entrevista típica: “O tipo de mulher que te atrai? Você é galinha...?”) Gael Garcia Bernal.
“A separação também pode ser parte de uma história de amor”, segundo Babenco. E é neste sentido que o longa discorre seu foco. Não é uma película apenas sobre mulheres obcecadas e homens cafajestes, mas sobre esquecer ou viver o passado. As fotos que Rímini prefere não levar consigo é o passado que ele pretende esquecer e a insistência de Sofia em que ele as compartilhe com ela é a vontade de não se deixar morrer enquanto um amor que foi amado, uma vida que foi vivida ao seu lado. Somos o que fomos no passado mais o que podemos ser no presente, e se esquecer dele é simplesmente matar lembranças, aprendizagens e vidas. “As pessoas não se separam, elas se abandonam” segundo Sofia, na pele de Anália Couceyro em uma performance única no Cinema assim como muitos do elenco formado pelo maduro e estrondoso Gael Garcia Bernal, Ana Celentano, Paulo Autran dentre outros.Babenco baseado no livro de Alan Pauls escreve um roteiro e direção inspiradíssimos, dinâmico em evoluir suas tensões e a história sem se resumir a um discurso piegas em mesmices. Com Ricardo Della Rosa fazendo uma Fotografia detalhada e rica, nos encontramos em um cenário frio e sentimental, humano e sexual, mágico nos caminhos trágicos que aos poucos vão se entregando para um final que resume o filme esplendidamente.

11 comentários:

Anônimo disse...

Quero conferir esse filme do Hector Babenco, parece ser interessante.

Kamila disse...

Não gostei muito desse filme, William. Achei o roteiro muito mal trabalhado. O único elemento de que gostei mesmo foi da atuação da Anália Couceyro. Achei-a uma atriz sensacional.

Anônimo disse...

Sinceramente, quando li uma critica em uma revista, nao me animei nem um pouco. Mas agora fiquei um tanto curiosa.

Daniel Dalpizzolo disse...

Dei uma olhada rápida pelo teu blog. Muita coisa interessante para ler. Vou procurar acompanhar as coisas por aqui.

Abraço!

Gustavo H.R. disse...

Os argumentos da sua crítica quase me persuadiram, convencendo das qualidades do filme em si, mas mesmo assim, acho que essa temática trabalhada por Babenco não me é muito atraente (por ora), então ficará para outra vez.

Cumps.

Anônimo disse...

Eu havia desanimado com as críticas, mas seu texto me deu novo ânimo para ver o filme. Assim que o econtrar assistirei.

Ciao!

Anônimo disse...

Ainda não conferi esse mais recente filme do Babenco, mas gosto muito dos filmes anteriores dele (menos de Carandiru)...É um cineasta que sempre vale uma assistida.

Unknown disse...

Rapaz, eu tenho uma implicância enorme com o Hector Babenco. Acho ele chato pra caramba, assim como seus filme. Por isso, fugi desse filme. Vou ler novamente a resenha pra ver se me animo... hahahaha... Po, se você deu quatro estrelas, não pode ser ruim!

Abs!

Cecilia Barroso disse...

Eu não gostei desse filme. Além do roteiro mal amarrado e a direção parece meio perdida. As únicas coisas interessantes foram a fotografia, que não tem nada demais, mas é boa, e a Analía Couceyro, que dá um show.

Rafael Carvalho disse...

Conheço pouquíssimo da filmografia do Babenco, mas O Passado é uma narrativa maravilhosa sobre os relacionamentos amorosos e a insistencia do passado de voltar a nossas vidas, realmente muito interessante. Cheio de significados, o filme é muito bem dirigido e ainda conta com uma atuação assustadora de Anália Couceyro. O Gael já esteve melhor.

PS: Adorei o resultado do Mr. Mestre.

Thiago Lucio disse...

William, obrigado pela visita ao meu blog. Espero que os seus leitores também o prestigiem. Com relação a esse filme do Babenco o achei muito fraco, a premissa começa bem, tem um grande potencial, mas Babenco desperdiça qualquer abordagem mais profunda com uma sequência cronológica de traumas amorosos. O filme não funciona nem como terapia e pouca coisa se salva. Entretanto, parabéns pelo blog, pelos seus textos, certamente passarei por aqui mais vezes. Abraço. Thiago.