30.9.07

...um mundo de homens - Queer as folk

Esta série é resultado de uma árdua busca por algo que me “distraísse” enquanto a quarta temporada de Lost não começa. Queria algo mais leve e diferente, logo pensei em The O.C mas acho que é leve e pop demais. A busca foi ótima, descobri que há coisas e mais coisas interessantes e que poucos conhecem, a maioria delas acaba por falta de público, audiência! Dentre várias opções encontrei Queer As Folk pensando que se tratava de um seriado antigo sobre estrelas do rock (eu ainda vou descobrir o nome deste seriado!), mas o engano saiu melhor que a encomenda! Queer As Folk é um seriado especial e marcante que mostra as relações, as carreiras, os amores e as ambições de um grupo de homens homossexuais e lésbicas que residem em Pittsburgh.
Após assistir a primeira temporada posso dizer que é um dos raros seriados que conseguem manter qualidade e objetividade em todos os episódios, sem exceções. Também é um dos poucos que apresenta um episódio piloto tão fiel e abrangente ao restante da temporada. Pornografia, comédia e drama. Tudo em grande intensidade no piloto deixando claro o estilo, a marca da série. Mas a qualidade tem os seus pesares, muito hétero desiste de primeira logo apontando o dedo e soltando piadinhas com direito a vocabulário homofóbico e tudo mais. Uma atitude precipitada e preconceituosa, pois o conteúdo pornográfico é justificável e comum, afinal de contas se fosse em uma série hétero além de comum seria até “clichê” se é que me entendem. Claro que falando assim é fácil, mas a resistência humana é imensa diante essa realidade.

Criado por
Russell T. Davies e adaptado para versão americana por Ron Cowen e Daniel Lipman, Queer as Folk é surpreendentemente roteirizado e digirido, nada de clichês ou draminhas hollywoodianos, é excepcional em técnica e crítica. As dificuldades, conquistas e preconceitos da sociedade homossexual são brilhantemente retratadas e discutidas. O conteúdo crítico e realista é de deixar qualquer um chocado e enojado de saber que são situações que realmente existem e são ignoradas. Nesta primeira temporada são vários focos que são explorados. Grupos de “recuperação” a fim de tornar homossexuais em héteros, alegando buscar serem pessoas como Deus gostam que sejam, pessoas boas, corretas, enfim, héteros (resumindo mais ainda, lavagem cerebral homofóbica e desumana); tratamento desigual recebido em lugares públicos (até mesmo em hospital); escola ignorando aceitar aliança gay-hétero utilizando de analogias ao extremo da homofobia; dentre vários outros.
Queer as folk é vitorioso por mostrar dois mundos que se negam a se aceitar, não se trata do mundo dos certos e do mundo dos errados já que a série retrata humanos, que como todos os outros são primeiramente, imperfeitos. Não pensem que estão diante a um seriado de perfeitinhos porém rejeitados. São todos humanos! São vencedores e perdedores, amam e odeiam, gritam e choram, erram e acertam. É isto que Queer as folk tenta, mostrar todos os lados da história, todas as faces e possibilidades. É uma tentativa gritante contra a homofobia, contra um preconceito absurdo que destrói a essência humana de ambas partes, dos que cometem e dos que sofrem. Queer as folk é um seriado de gente, de libertação e gozo a vida, de conquistas e pesares que mostra pessoas normais, que como todos também tem o seu dia-a-dia, o seu pior defeito, sua música preferida, seu sonho de consumo, suas ambições, suas manias e seu desejo de viver e amar. Mas é um mundo reprimido, excluído e atacado. Um mundo onde a tolerância se torna uma razão covarde e a luta por direitos e justiça uma razão autodestrutiva
Queer as Folk é divertido, emocionante, sério e criativo. Elenco de primeira em especial Sharon Gless (mãe de Michael, hilária e contagiante), Thea Gill, Randy Harrison e vários outros.
Um feito de homens, um mundo de homens...que realmente funcionou!

11 comentários:

Anônimo disse...

William!
Eu vi apenas cerca de 15 minutos do piloto dessa série.
Estava pesquisando e descobri do que se trata o título da série.
Ele provém de uma brincadeira com um ditado inglês, "nobody is so weird as folk" (ninguém é tão estranho como a gente), passando para "nobody is so queer as folk" (ninguém é tão veado como a gente).
Isso eu achei na Wikipédia.
Abraço!

Anônimo disse...

Valeu a pedida.
só pra avisar, estou de volta depois de um período pra lá de apertado na faculdade.
abraços e passa lá pra tomar um café!

Marcus Vinícius disse...

Bah, eu tava sumido aqui também... Falando em seriados, os únicos que tenho acompanhado, tanto a nova temporada quanto as outras, é House MD. Outra boa que vejo de vez em quando é Friday Night Lights, massa que o técnico é muito estilo Felipão, hehehe. Poxa, to te adicionando nos favoritos lá no CN novamente, podexa que volto mais seguido aqui, hehe. Abraços!

Museu do Cinema disse...

Ola William, ainda não deu para ler os textos, mas gostei dos poucos que li, apesar de discordar de alguns, mas isso é o cinema, e sinceramente é isso que me interessa, discordar é sempre mais carregado de aprendizagem do que concordar. Valeu, abs.

Alex Gonçalves disse...

Estou por fora das séries televisivas. Terei de passar essa atualização da semana, rs, rs, rs...

Anônimo disse...

Até vi alguns episódios da primeira temporada, mas não curti tanto - apesar da temática interessante e pouco explorada.

Anônimo disse...

É uma série que vale a pena ver.Bom sair do mundo de Lost e ver um problema que está bem pertinho de nós,todos os dias,né? Problema que me refiro é o preconceito e não a outras coisas.Parabéns pelo blog +- jinkie..hehe

Unknown disse...

meu querido,
adorei ler a matéria sobre essa série... achei muito interessante
e o seu trabalho, como sempre, é primoroso...
muitas saudades de vc
vou procurar assistir
abração
\o

Anônimo disse...

Vi as duas primeiras temporadas e gostei muito. Pena q depois parei de ver, mas um dia baixo tudo e vejo. Mesmo assim, continuo achando a série original britânica imbatível. Por mais q a versão americana apele mais para o lado sexual, os personagens britânicos eram mais bem desenvolvidos.

Abs!

Renata disse...

Essa série é tudo de bom. De fato, uma das mais inteligentes já feitas - à altura de um trabalho de Aaron Sorkin, eu ousaria dizer.

E seu comentário foi, de fato, muito interessante.

Mageste disse...

Que coicidência...! No tédio dessas minhas férias de fim de ano, resolvi garimpar a primeira temporada desse mesmo seriado. Afinal de contas, já tinha lido tanta coisa a respeito, que estava realmente curioso.

Bem, Queer as Follk é viciante. Longe de derrapar naquele esquema de novelinha tão típico em seriados dramáticos, acerta ao apresentar personagens humanos e situações pra lá de plausiveis. Não força a barra, não apela e de quebra ainda emociona.

E vale lembrar que mesmo tendo um público fiel (uma rápida pesquisa no Orkut já mostra isso) a série até hj não foi lançada oficialmente em DVD por aqui. Uma pena.